as mil e uma noites 2018
"As Mil e Uma Noites" é uma versão contemporânea do clássico da literatura mundial. Com direção de Leandro Romano e dramaturgia de Gabriela Giffoni e Luiz Antonio Ribeiro, a montagem se divide em 33 sessões únicas onde, a cada noite, Sherazade narra uma história do livro original entrelaçada com depoimentos atuais de refugiados árabes. Apenas o prólogo se repete e faz um elo entre as apresentações: a trajetória da princesa para adiar a sua morte e enganar o rei.
“Boa parte da pesquisa que temos feito no Teatro Voador Não Identificado (e que penso ser a chave do teatro contemporâneo) vai contra a noção de teatro como repetição. Nossos trabalhos procuram explorar, sempre que possível, a ideia de 'apresentação única', proporcionando para a plateia a vivência de uma experiência que não mais se repetirá”, destaca o diretor.
Além das histórias do livro, a peça pretende aproximar Brasil e Oriente Médio por meio de cenas que discutem a Primavera Árabe e aludem à luta de poderes na política brasileira. O material utilizado para compor esta dramaturgia apresenta entrevistas com refugiados que vivem atualmente no Rio de Janeiro, e que acabam servindo como metáfora dos coincidentes mil e um dias do governo Temer.
"Em tempos de disputas de narrativa, polarização ideológica e fake news, percebemos que não estamos tão distantes da crise da Síria quanto pensamos estar. Se no livro Sherazade tenta convencer o Rei a livrá-la da morte, no espetáculo ela desafia a plateia a encarar temas urgentes da sociedade contemporânea”, finaliza.
No papel de Sherazade, as atrizes Adassa Martins, Clarisse Zarvos, Elsa Romero, Julia Bernat e Larissa Siqueira se dividem na função da famosa narradora de histórias. Completam o elenco Bernardo Marinho, Gabriel Vaz, João Rodrigo Ostrower, Pedro Henrique Müller e Romulo Galvão.
â
críticas
â
"Quanto ao espetáculo, Leandro Romano impõe à cena uma dinâmica encantadora, quando a ficção predomina, e extremamente contundente quando o foco recai sobre os relatos, posto que nesses momentos os intérpretes não incorporam nenhum personagem, apenas dão seus depoimentos, olhando os espectadores nos olhos. E esta permanente alternância, que em princípio poderia gerar alguma dispersão, só contribui para enfatizar o poder das palavras, e sua inegável capacidade de se fazer fecunda no coração daqueles que ainda acreditam que ninguém detém o monopólio de verdade alguma. Quanto aos intérpretes, todos contribuem de forma decisiva para o êxito de um dos melhores espetáculos da atual temporada.” - Lionel Fischer, crítico de teatro
"Recurso muito engenhoso, por sinal, ficamos em suspenso com a interrupção da narrativa, como ficava o Rei Shariar quando Sherazade deixava a sua historia para ser contada no dia seguinte (ou, no caso da cia, somente no próximo espetáculo!). O público fica com vontade de voltar no dia seguinte para continuar ouvindo as histórias..." - Ida Vicenzia, crítica de teatro
â
"Se a obra original, literária, é uma reflexão sobre empatia, somada à ação altruísta de Sherazade de se desfazer de tudo, de colocar a própria vida em jogo para salvar outras mulheres, a peça busca despertar em nós semelhante empatia pelas histórias de refugiados narradas pelos atores, e exercita, tanto nas histórias quanto na encenação dos contos, um altruísmo, abrindo mão da própria noção de autoria: as histórias são dos refugiados tanto quanto de quem as ouviu, selecionou, editou e elaborou o discurso que chega à cena; são dos atores que as contam, diretores também das cenas que se organizam ao vivo naquela noite." - Péricles Vanzella, crítico de teatro do site Rio Encena
"Trata-se de um trabalho que muito tem a dizer sobre os tempos atuais e sobre nós enquanto uma pretensa nação de acolhimento, num momento que presenciamos um dos maiores êxodos da história da humanidade, em especial pela tragédia que se abate sobre várias regiões do Oriente Médio.” - Renato Mello, crítico do site Botequim Cultural
â
ficha técnica
Concepção e direção: Leandro Romano
Dramaturgia e adaptação: Gabriela Giffoni e Luiz Antonio Ribeiro
Elenco: Adassa Martins, Bernardo Marinho, Clarisse Zarvos,
Elsa Romero, Gabriel Vaz, João Rodrigo Ostrower, Julia Bernat,
Larissa Siqueira, Pedro Henrique Müller e Romulo Galvão
Cenografia: Elsa Romero
Iluminação: Gaia Catta
Figurino: Lia Maia
Trilha sonora original: Felipe Ventura e Gabriel Vaz
Stand-in: Daniel Passi
Assistência de direção: Luciana Novak
Vídeo e mídias sociais: Júlia Sarraf
Consultoria teórica: Mamede Mustafá Jarouche
Tradução de entrevistas e consultoria de cultura árabe: Hadi Bakkour
Arte gráfica: Chris Lima/Evolutiva Estúdio
Assessoria de imprensa: Lyvia Rodrigues/Aquela que Divulga
Direção de produção: Ana Barros
Produção executiva: Bel Sangirardi
Realização: Teatro Voador Não Identificado
â
â